Livro Lições de Didática - Capítulos 1 e 2

1. Ensinar: Uma Atividade Complexa e Laboriosa

Ilma Passos Alencastro Veiga

No processo didático, ensinar requer uma orientação entre professores e estudantes no modo que se desenvolve a aprendizagem, onde o ensino reúne os elementos articulados necessários para absorção do conhecimento. Dentre as varias teorias desenvolvidas para o processo de aprendizagem Rivilla e Mata enfatizam as seguintes: cognitiva, artística, compreensiva e sociocomunicativa.

A teoria cognitiva tem por base o ensino como processo de tomada de decisões, onde os estímulos externos não influenciam na compreensão mais sim a personalidade pensante do professor que atua como “coprotagonista” da ação de ensinar.

A teoria artística mostra que o ato de ensinar é uma tarefa de dupla face artística: estética e poética. O ensino como arte desenvolve princípios como: irrepetibilidade, potencialidade intuitiva, perseverança na ação e sensibilidade e estética.

A teoria compreensiva propõe uma conexão entre os problemas e interesses concretos dos alunos e professores. A teoria explica que a compreensão é uma atividade interpretativo-indagadora e valorizada em sua totalidade.

A teoria sociocomunicativa mostra o ensino como interatividade, ou seja, um processo interativo-comunicativo, orientado intencionalidades formativas.

A tarefa de ensinar requer o conhecimento da teoria sociocomunicativa para “compreender e desenvolver a prática docente como uma atividade comunicativo-contextualizada coerente com as finalidades formativas”.

Ensinar é um ato intencional; ensinar significa interagir e compartilhar; ensinar exprime afetividade; ensinar pressupõe construção de conhecimento e rigor metodológico; ensinar exige planejamento didático.

Os professores devem ser capazes de analisar e resolver problemas, selecionar e organizar os conteúdos que deseja abordar com propostas metodológicas que se adéqüem ao ensino e tenham maior impacto na aprendizagem.

Ensinar é, portanto uma tarefa formativa que envolve três desafios: primeiro por ser uma tarefa humana, ou seja, trabalhar com pessoas, segundo por ser um desafio de dimensão afetiva, e o terceiro por ser um desafio de papel cognitivo, pois permite que cada aluno construa o próprio conhecimento. Enfim, o ensino é o espaço para a vida, para a ampliação da convivência e socioafetiva e cultural dos alunos.

2. A dimensão Intencional do Ensino

Maria Eugênia Castanho

O ensino inserido na educação é um processo intencional, que deve ser planejado preparado e predisposto. A educação não pode conviver com a incerteza, pois necessita de componentes que assegurem o seu alcance.

A educação é transmitida por práticas formalizadas por meio de agentes dotados de especialização, os professores, juntamente com os alunos em instituições especializadas, as escolas. Inicialmente pode-se dizer que a educação é uma atividade planejada, que pressupõe o traçamento de objetivos e a indicação de meios para atingi-los.

Os objetivos da educação são os resultados de sua ação, ou seja, as mudanças esperadas nas pessoas e grupos sociais, nas instituições dedicadas ao ensino e nas organizações de âmbito mais largo. A educação é um processo de inserção de pessoas no mundo cultural, com três objetivos: o primeiro é o objetivo técnico que corresponde a uma intenção instrumental, o segundo é o objetivo consensual onde através do conhecimento se pode reconhecer obstáculos e levar a uma reflexão crítica e o terceiro é o objetivo político-cultural que proporciona meios para uma inserção lúcida na prática social.

As intenções educativas se expressam em três níveis: o empírico (é a vida cotidiana, a busca por articular respostas pros desafios do dia a dia), o racional (dados que estão relacionados entre si pela medição de conceitos, visa soluções mais amplas do que as respostas empíricas) e o teórico (é a visão mais ampla, vai á raiz dos problemas educacionais e não se contenta com respostas emergências ou com reformas). As soluções propostas em cada um dos níveis de expressão das intenções educativas nada mais são do que objetivos educacionais.

As fontes para a definição das intenções educativas são de natureza: psicológica, epistemológica dos conteúdos, socioantropológica e prático-pedagógica.

Embora conteúdos, resultados e atividades estejam sempre presentes nos processos de ensino e aprendizagem, a importância que se concede a cada um desses três elementos leva a três cominhos diferentes na formulação e concretização das intenções educativas: a) Pelos resultados de aprendizagem: toma como fio condutor de todo o processo a aprendizagem que o aluno deve ter realizado; b) Pelos conteúdos: selecionar cuidadosamente conteúdos relevantes e pertinentes aos resultados esperados de aprendizagem; c) Pelas atividades: trata-se de identificar as atividades de maior valor educativo intrínseco e favorecer a participação dos alunos nessas atividades. Isoladamente esses três caminhos não cumprem a tarefa de concretizar as intenções educativas.

Existem nove princípios norteadores que podem contribuir para o importante trabalho dos educadores são eles:

1. A unidade da ciência e a pluralidade das culturas.
2. A diversificação das formas de excelência.
3. A multiplicação das chances.
4. A unidade no e pelo pluralismo.
5. A revisão periódica dos saberes transmitidos.
6. A unificação dos saberes transmitidos.
7. Uma educação contínua e alternada.
8. O uso das técnicas modernas de difusão.
9. A abertura na e pela autonomia.

O fazer educativo deve levar a uma atuação inteligente no sentido do atingimento dos objetivos da educação.